As atividades tiveram início em 1992, era um ateliê itinerante que ia até a casa dos alunos que desejavam aprender a pintar e desenhar. Concomitantemente inicia-se um trabalho voluntário em orfanatos e asilos utilizando a arte como auxiliar nos processos terapêuticos e auxiliares na alfabetização de jovens e adultos. O trabalho foi gerando resultados cada vez mais motivadores, e em 1998 uma escola de Educação Infantil passou a oferecer livros didáticos e paradidáticos para que o ateliê itinerante pudesse melhorar o trabalho voluntário de alfabetização com arte em comunidades carentes de São Paulo.

A necessidade de ter a Pedagogia como auxiliar da Arte fez com que tivesse início uma nova fase, e os trabalhos voluntários e os trabalhos remunerados foram organizados de forma a atender ambos semanalmente sempre com mais qualidade. O ateliê em sua parte remunerada ganhou um espaço profissional todo especial dentro de uma escola de Educação Infantil, a mesma que já fornecia gratuitamente os livros para o trabalho de alfabetização com arte em comunidades carentes da região. As aulas que eram ministradas na casa dos alunos com a participação de vizinhos, também pagantes, agora tinha em alguns dias da semana um espaço permanente que atendia os próprios alunos da escola e seus familiares, ainda de forma muito simples e com poucas pessoas. Era o início da pesquisa científica que deu origem ao TCC de Pedagogia no Centro Universitário Assunção dissertando sobre a arte acadêmica na alfabetização.

Os estudos acerca do método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children), que tem como pilar ensinar a alunos com autismo que seu mundo “tem e faz sentido”, realizados na AMA – Associação de Amigos do Autista, e a prática pedagógica utilizando a alfabetização sensorial Montessoriana, abriram imenso horizonte de possibilidades para ensinar.

O ateliê passa a multiplicar os conhecimentos adquiridos na pedagogia comentando durante as aulas sobre obras que dissertavam sobre os estudos realizados por Jean Marc Gaspard Itard, Édouard Séguin, Henri Wallon, Lev Vygotsky, Friedrich Fröbel, Johann Heinrich Pestalozzi e muitos outros intelectuais da Educação, e todos os amigos educadores, arte educadores e psicólogos, passaram a ouvir sobre esses importantes intelectuais e o ateliê ganha mais uma clientela formada por professores e psicólogos interessados em conhecer mais sobre essa nova forma de atuar pedagogicamente utilizando a arte e embasada por trabalhos acadêmicos de renomados estudiosos. No trabalho com as crianças e os pais, novas atividades pedagógicas começaram a surgir, e os professores de várias escolas passaram a solicitar o ateliê itinerante, o que levou a criação de projetos para cursos de extensão e especialização em faculdades para apresentar esse trabalho a outros profissionais da área, como aconteceu no UNIFAI e UNISEB entre os anos de 2002 e 2010.

Foi desenvolvida a partir dessa vivência acadêmica uma nova proposta para transformar a sala de aula/ateliê da escolinha em um minicentro de pesquisa para crianças, incentivando o interesse pela pesquisa e estudo desde os primeiros anos escolares. O espaço da sala de aula foi reorganizado, com poucos alunos na turma, mesas para os alunos trabalharem nas atividades individualmente ou em grupo, mesa do professor semelhante a dos alunos para explicar as tarefas, espaço de lazer, espaço para os fichários – que servia como minibiblioteca para pesquisa após a conclusão de cada programa de estudos, mantendo tudo que foi estudado até aquele momento para ser consultado sempre que os alunos quiserem ou precisarem – e armário para guardar os materiais.

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Fichários utilizados como livros de pesquisa e minibiblioteca de estudo e consulta para os alunos.

A estante onde os fichários ficam guardados é a primeira biblioteca que os alunos passam a utilizar em sua vida escolar, nela estão os textos e atividades já trabalhados em sala de aula, alguns textos coletivos produzidos pelos alunos (para que todos sintam que participaram dessa construção do conhecimento), atividades artísticas dos grupos como livros de ilustração sobre os temas estudados, e muitos outros conteúdos trabalhados ao longo do ano letivo. Com isso é possível perceber que, mesmo não havendo uma sala específica para uma biblioteca, podemos usar uma estante ou armarinho como primeira biblioteca dos alunos.

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